Meu discurso na abertura da Copa

Ainda não fui e sei que é óbvio que sei que não serei convidado a participar da cerimônia de abertura da Copa 2014. Entretanto, se recebesse tal convite e, estando eu lá, fosse convidado a discursar, meu discurso certamente seria mais ou menos assim:

Senhoras e senhores aqui presentes e que me ouvem em suas residências, onde quer que estejam:

Eu tenho dito e ouvido muitas pessoas neste país dizerem que a Copa 2014 não deveria ser realizada no Brasil pelo fato do país ter outras prioridades muito mais urgentes. Ainda considero um absurdo o volume de verbas públicas que o governo brasileiro tem gasto para a realização de tal evento, quando existem tantas escolas e tantos hospitais públicos em condições estruturais e funcionais vergonhosas. Porém, apesar de tudo isto, a Copa está sendo iniciada. Então, aproveito a oportunidade para dirigir minhas palavras  sobre um outro tópico. Dirijo minhas palavras especialmente aos locutores esportivos, à imprensa esportiva e aos torcedores de futebol de todas as nacionalidades, mas especialmente aos brasileiros.

No Brasil é muito comum torcedores de futebol dirigirem piadas de mal gosto especialmente contra os argentinos. Por outro lado, não são poucas as vezes em que percebemos que, por conta das divergências em função do futebol, torcedores brasileiros fazem referências aos argentinos em geral de forma muito preconceituosa. Certamente muitos argentinos agem da mesma forma com relação aos torcedores brasileiros, mas isto não é desculpa suficiente para que nós os tratemos da mesma forma. O pior é que, pelo menos no Brasil (não sei se na Argentina também), profissionais da imprensa esportiva, narradores e comentaristas de futebol, e até propagandas comerciais na televisão, incentivam esse tipo de coisa, quando sua obrigação é fazer exatamente o contrário. 

Todos sabem que o futebol é um esporte. Muitos dizem que o futebol é arte. As duas afirmações estão corretas. No entanto, é preciso lembrar que uma das principais funções dos esportes, quaisquer que sejam, e das artes, também quaisquer que sejam, é promover a unificação, a integração, a união e o devido respeito entre os povos de todas e quaisquer nacionalidades. Qualquer expressão com tom de desavença, mesmo que seja como forma de humor, é preconceituosa. Deixemos as piadinhas de mau gosto contra pessoas de outras nacionalidades, raças, crenças ou ideologias de lado. Concentremo-nos naquela obrigação de todos nós - mas principalmente de vocês, narradores, comentaristas e repórteres, por serem formadores de opinião - de que devemos promover o respeito entre as nações, e esta é uma grande oportunidade que temos para provar ao mundo que podemos e sabemos fazer isto. 

Alguns dirão: "Que vença a Seleção Brasileira!". Outros preferirão dizer: "Que vençam os  melhores!". Eu, particularmente, prefiro dizer: "Que vença o bom senso!".

Muito obrigado a todos pela sua valiosa atenção.