- PROGRAMA "DIÁLOGO ABERTO" -
Entrevistas sobre temas sempre importantes.
De segunda a sexta-feira, das 11 às 12 hs.
Produção: Terezinha Jovita
Apresentação: Regina Trindade
Ouça aqui: http://www.rtv.es.gov.br/web/player_radio.htm

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A difícil tarefa de tentar entender o comportamento humano

Os cientistas conhecem muitas coisas sobre o fundo do mar. Conhecem muitos fatos a respeito de estrelas extremamente distantes do nosso planeta. No entanto, o comportamento humano - e particularmente, neste caso, o do consumidor brasileiro - ainda é um mistério que desafia os maiores sábios do mundo.

Todo ano acontece a mesma coisa. Durante o ano inteiro milhões de trabalhadores brasileiros reclamam por causa dos salários baixos (e com razão). Precisam tratar da saúde, mas não tem condições de pagar consultas médicas, que são muito caras. Os medicamentos também são. Recorrem então aos planos de saúde, que também não são muito baratos e nem sempre dão a "cobertura" necessária, mesmo quando a mesma é garantida em contrato. 
Como se isto não fosse bastante, muitos compram um bocado de coisas que não teriam condições de pagar. Aproveitam "promoções", dão cheques pré-datados, esgotam todas as reservas em cartões de crédito. Não faltam, é claro, os que dão cheques dos tipos "voador", "vai-vem", etc. Aí, o nome do consumidor vai parar no SPC. "Ah, mas depois eu limpo meu nome.", eles dizem. O importante, para muitas dessas pessoas, não é manter o nome honrado, é ter o objeto de desejo mesmo que não tenha condições de pagar por ele. Uma lástima.
Dizem que isto é próprio de país capitalista: quanto mais coisas bonitas e caras uma pessoa possui, maior é o seu grau de "status" na sociedade em que vive. 
Depois, vem os arrependimentos: "Como vou pagar o aluguel?", "Como vou pagar o IPTU?"
E as roupas? Ah, roupa não pode ser qualquer uma, tem que ser "de marca". As roupas mais caras são de tão boa qualidade e tão duráveis quanto as não tão caras, mas a "marca" é que é importante para essas pessoas. Aí, "choram" para conseguir descontos na hora da compra, pedem para parcelar o pagamento. A mulher nem precisa daquele vestido, mas o quer porque ele é bonito e está na "promoção" - uma promoção que sempre traz consequências indesejáveis depois, mas mesmo assim ela compra. O mesmo acontece com muitos homens quando veem uma camisa bonita, uma causa "na moda". 
A mesma história se repete todo mês. E os noticiários da TV mostram uma realidade ainda mais espantosa: os principais motivos dos nomes no SPC são compras de aparelhos de TV mais modernos, aparelhos de som, novos telefones celulares (tem gente que tem dois ou três) e uma série de outros produtos sem os quais o usuário poderia viver. 
Aproxima-se o fim do ano. Há a expectativa da vinda do 13o. salário. Mesmo antes de recebê-lo, ao saberem quando será liberado o pagamento, muitos desses consumidores já começam a fazer planos para gastá-lo: uma parte será para pagar dívidas contraídas meses antes, a outra será para as compras de natal. Muitos são os que reclamam dos salários baixos, e poucos são os que reservam pelo menos uma parte do salário recebido a mais para sua verdadeira finalidade - acertar contas pendentes.  Durante as compras de Natal, poucos se lembram dos "ipês" (IPVA, IPTU, etc.) e outros impostos que começarão a surgir em janeiro do ano seguinte. Aí, lá vai o nome para o SPC de novo, e por causa de compras que podem até ser a realização de sonhos, mas raramente são necessárias para a sobrevivência. 
Em seguida, vem fevereiro, o mês do Carnaval. Aí, milhões de "foliões" em todo o país gastam em três dias (em algumas cidades, o Carnaval dura ainda mais tempo) o pouco dinheiro que restou das compras de dezembro. Tudo porque, afinal de contas, "é Carnaval!"  Depois de fevereiro, vem março, e tudo começa outra vez. 
Não creio que seja uma questão de entender o capitalismo ou o socialismo. O difícil mesmo é entender o comportamento dessas pessoas que fazem aquilo que sabem que não tem condições nem necessidade de fazer, e sem se preocupar com a questão moral ("O nome no SPC? Depois eu dou um 'jeitinho'.").

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