- PROGRAMA "DIÁLOGO ABERTO" -
Entrevistas sobre temas sempre importantes.
De segunda a sexta-feira, das 11 às 12 hs.
Produção: Terezinha Jovita
Apresentação: Regina Trindade
Ouça aqui: http://www.rtv.es.gov.br/web/player_radio.htm

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Da "Revolução dos Bichos" de George Orwell à Manifestação dos Estudantes em Vitória - pouco ou nada mudou.

Major, um porco muito velho, percebeu que sua morte estava próxima. Por isto, naquele dia ele, que era considerado como um líder por todos os animais da fazenda, decidiu convocá-los para uma reunião no celeiro. Queria convencê-los que era possível que eles governassem a si mesmos e deixassem de ser manipulados e explorados pelos proprietários da fazenda - ou seja, pelos humanos. Na reunião, Major ensinou aos animais (porcos, porcas, cavalos, éguas, patos, patas, cabritos, bodes, cabras, galinhas, galos, etc.) que todos deveriam se considerar iguais, com os mesmos direitos. Todos ficaram muito animados com tal possibilidade.
Três dias depois, Major morreu. Em seu lugar, os procos mais jovens assumiram a liderança e passaram a promover reuniões clandestinas com todos os animais para planejar uma revolução. Certo dia os humanos se esqueceram de alimentar os animais e... pronto! Este foi o estopim que faltava. A revolução começou. Os animais expulsaram os humanos da fazenda, mas antes disso apanharam muito, Levaram chibatadas, chineladas, cinturadas e até tiros. Entretanto, se por um lado havia animais participando das manifestações, por outro havia também animais que não estavam contentes com suas próprias condições, mas também não aprovavam o movimento. Consideravam-no uma desordem, já que os manifestantes destruíram muitas coisas,  numa ação que parecia muito mais vandalismo do que rebelião. 
Os porcos, que incentivaram os manifestantes, não se envolveram na lutas. Porém, após os humanos terem sido finalmente "derrotados", os porcos assumiram a administração da fazenda. No entanto, nada mudou na vida de todos os outros animais, que continuaram a ser manipulados tal como antes. Antes, pelos humanos; depois, pelos porcos - os próprios líderes da revolução - que, aliás, assaram a fazer alianças com os humanos, alegando que isto necessário para manter a fazenda dando certo.

Os três parágrafos acima são um resumo da história contada no livro "Animal Farm" ("Fazenda dos Animais") do escritor britânico George Orwell (1903/1950). "George Orwell" era o pseudônimo usado pelo jornalista, ensaísta e romancista Eric Arthur Blair. No Brasil, o livro foi publicado com o título "A Revolução dos Bichos". Muitos o veem como uma sátira ao socialismo stalinista. Para mim, é uma sátira à maioria dos humanos em geral, no livro representados por animais tal como nos desenhos animados dos Estúdios Disney. 
No Brasil, as manifestações, nas ruas, de profissionais de algumas categorias e de estudantes - como a que ocorreu há poucos dias em Vitória - comprovam isto. Ainda hoje, tais manifestações ocorrem da mesma forma desde a década de 1950, ou desde muito antes. Quando querem reivindicar direitos, fazem como os estudantes fizeram na capital do Espírito Santo: fecham ruas, tumultuam o trânsito, agem de forma absolutamente desordenada, sem qualquer evidência de planejamento coerente e causando muitos transtornos à população. O resultado não poderia ser outro: em vez de apoiá-los, a maior parte da população os condena, considerando-os como baderneiros, pois se sente prejudicada por eles. Afinal, para reivindicar seus direitos, eles agem sem respeitar os das outras pessoas. 
A história é a mesma de sempre: a maioria das pessoas reclama porque a cidade se transforma num caos, os manifestantes dizem que pretendia fazer uma "manifestação pacífica" esquecendo-se que atitudes como a interrupção do trânsito numa cidade como Vitória não tem nada de "pacíficas", e a polícia tenta reprimi-los sempre de forma violenta. Entretanto, os verdadeiros líderes - os quais nem sempre os próprios manifestantes sabem que existem - não se envolvem nesses problemas. Eles incentivam a manifestação, mas não participam diretamente das ações. Depois, assumem o poder, enquanto os manifestantes continuam na mesma situação de antes. A prova disto? Muitos políticos que estão no poder e que hoje são combatidos por movimentos estudantis foram líderes de movimentos estudantis. 

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