- PROGRAMA "DIÁLOGO ABERTO" -
Entrevistas sobre temas sempre importantes.
De segunda a sexta-feira, das 11 às 12 hs.
Produção: Terezinha Jovita
Apresentação: Regina Trindade
Ouça aqui: http://www.rtv.es.gov.br/web/player_radio.htm

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Erros de informação - um problema cada vez mais frequente nos noticiários

A quantidade de informações equivocadas ou incompletas
é um erro cada vez mais frequente nos noticiários.
Em muitos casos,
esses erros são bem nítidos.

Numa entrevista ao apresentador Yuri Athayde no programa "Espaço Astral" (rádio Vitória, em Vitória - ES), eu mencionei o erro frequentemente cometido por jornalistas em noticiários no rádio e na TV, quando se referem ao BRIC como "bloco econômico". Os blocos econômicos são grupos formados por países por um acordo comum a partir de decisões de seus próprios governos e com objetivos específicos, mas sempre destacando como meta principal a facilitação do ingresso de serviços e bens produzidos nos países membros no mercado internacional. O BRIC é grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China, não com base em decisões de seus governos nem considerando a participação de seus produtos e serviços no mercado internacional, mas por terem sido eleitos pelo grupo financeiro norte americano Golden Sach como destaques entre os países em desenvolvimento. Portanto, o BRIC não é um bloco econômico. 
Informações equivocadas assim podem à primeira vista não parecer tão graves. Entretanto, quando surgem questões sobre esses temas em provas de concursos públicos ou vestibulares, elas prejudicam os candidatos, que perdem pontos por escolherem respostas erradas baseados nas informações dos noticiários. 

"Qualidade de Vida" e "Padrão de Vida"

Outro erro muito comum nos noticiários acontece quando mencionam "qualidade de vida". A qualidade de vida é o nome que se dá a qualquer método utilizado por órgãos e entidades governamentais e/ou não governamentais para medir as condições de vida saudável das pessoas numa determinada área (um bairro, uma cidade, um estado, um país, etc.). Geralmente, nos noticiários, o termo "qualidade de vida" é utilizado para se referir à mensuração da quantidade e da qualidade de produtos e serviços existentes no mercado para consumidores, mas isto é "padrão de vida", e não "qualidade de vida". 
A qualidade de vida envolve o bem estar físico, mental, psicológico e emocional de uma pessoa ou de um grupo de pessoas com base em seus relacionamentos sociais (em família, enter amigos, entre colegas de trabalho, entre vizinhos, etc.), considerando-se as condições gerais de saúde, educação, poder aquisitivo (ou "poder de compra") e outros fatores relacionados à vida. Isto é bem diferente do padrão de vida, cujo exemplo bem conhecido e muito utilizado é o do cálculo da renda per capita, isto é, da renda de cada pessoa levando-se em conta a inflação.
Como as notícias relacionam a inflação ao aumento de preços de produtos ao consumidor mas não explicam como essa relação acontece, muitas pessoas imaginam que "inflação" é simplesmente um fenômeno causado pelo aumento dos preços. "Inflação" é a queda do poder aquisitivo, não o aumento dos preços. É preciso explicar o aumento dos preços dos produtos não é inflação, mas gera inflação porque o aumento dos salários não ocorre com a mesma frequência com que ocorrem os aumentos dos preços. Além disto, quando ocorre, o aumento dos salários - especialmente do salário mínimo, que é a principal base dos aumentos de todos os salários - raramente acompanha a mesma proporção da elevação dos preços.  
Por esta razão, a "inflação zero", tão mencionada por autoridades governamentais, nunca poderá existir. Para que a inflação zero se torne real, é necessária uma estabilidade de preços, mas esta ocorre apenas teoricamente.

"Sustentabilidade" e "Desenvolvimento Sustentável"

Outro erro muito comum nos noticiários: Usam a denominação "desenvolvimento sustentável" quando se referem a um princípio que se aplica a um determinado empreendimento ou uma atividade de uma pessoa, uma comunidade ou mesmo as atividades de toda a humanidade, considerando comportamentos e atitudes ecologicamente corretos, economicamente viáveis ou socialmente justos. Na verdade isto é "sustentabilidade". 
O desenvolvimento sustentável é o planejamento de atividades em conjunto visando o desenvolvimento global e o desenvolvimento ambiental.  Pelo menos teoricamente, o desenvolvimento global tem como objetivo a redução da pobreza e das desigualdades  raciais, econômicas e sociais em geral no mundo. O desenvolvimento ambiental visa a busca do melhor nível de equilíbrio possível entre todas as atividades produtivas (industriais, comerciais, etc.) e de consumo, de limpeza, entre outras que sejam importantes na rotina de uma pessoa e de um grupo de pessoas (família, moradores de um bairro, habitantes de uma cidade, etc.). Por exemplo: se uma pessoa da sua família passou mal por ter comido uma carne estragada que você comprou, você, o vendedor, o gerente do estabelecimento que vendeu o produto, são responsáveis pelo que aconteceu à quela pessoa, pois nem o gerente, nem o vendedor, nem você tiveram o cuidado de observar as condições da carne comprada. Os cuidados para evitar problemas deveriam ser tomados por todas as pessoas envolvidas na produção, na conservação, na venda, na compra e no consumo. 

Conclusão:

Há um obstáculo importante a ser considerado para que as informações dos noticiários sejam as mais completas possíveis: o limite de tempo dentro do qual as notícias tem que ser veiculadas. Se forem muito longas, elas se tornam "chatas", enfadonhas para o ouvinte ou telespectador. Elas precisam ser sucintas.  Entretanto, isto não é justificativa para as informações divulgadas de forma equivocada, com termos e denominações utilizados com significados incorretos. 




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