Concentração dos participantes e início da Romaria dos Homens, ao redor da Catedral Metropolitana de Vitória, na Festa da Penha deste ano.
O Dia de Nossa Senhora da Penha é tradicionalmente comemorado pelos católicos do Espírito Santo na primeira segunda-feira após a Semana Santa, no município de Vila Velha. Mas as comemorações festivas começam na sexta-feira, com shows de artistas locais e e de renome nacional e várias outras atrações religiosas e não religiosas. Antes disso, acontece no "Campinho", um pátio no alto do morro da Penha, próximo ao convento o convento que tem seu nome (Convento da Penha), acontece o Oitavário - celebrações de missas durante os oito dias que antecedem o Dia de Nossa Senhora da Penha. No sábado, por volta das 20 hs, milhares de fiéis - homens na maioria, mas também mulheres e crianças - se concentram ao redor da Catedral Metropolitana, na Cidade Alta, centro de Vitória, para iniciar a tradicional caminhada conhecida como "Romaria dos Homens", que transporta a imagem de Nossa Senhora da Penha até o Parque da Prainha, em Vila Velha, onde a partir de meia-noite acontece a Missa dos Homens.
Erronamente algumas pessoas acreditam que o Moro da Penha tem esse nome porque sobre ele se encontra o Convento da Penha. Na verdade é o contrário: o convento tem este nome porque está sobre a penha, a formação rochosa que constitui o cume do morro. O nome da Santa, Nossa Senhora da Penha, se deve ao fato de que, segundo conta a tradição, a "Virgem Maria" - ou "Nossa Senhora" - teria aparecido (em 1522, se eu não estiver enganado), onde pouco tempo depois o convento foi construído.
O ápice da comemoração religiosa é a missa celebrada sempre pelo Arcebispo de Vitória, a partir das 16 hs, no dia propriamente dito, consagrado à santa, que também marca o encerramento oficial da festa. Esse feriado tem, para mim, um significado muito importante por duas razões.
Em 1996, como repórter, participei da cobertura da festa pela Rádio Vitória, ao lado de grandes radialistas e repórteres que até hoje são grandes amigos meus, entre eles Paulo Duarte e Mauri Cardoso. Naquela época, a rádio era dirigida por outro grande amigo, Osvaldo Amorim. Lembrando que a transmissão da Festa da Penha tem sido realizada através das emissoras de rádio havia vários anos graças a uma iniciativa do radialista Darcy Castelo Mendonça (mais conhecido como "Castelo Mendonça"), falecido há algumas décadas, nossa equipe realizou uma homenagem a ele entregando um troféu com seu nome ao seu filho. O rapaz chorou, nós também nos emocionamos. Do céu, veio uma chuva fina, suave. Os microfones em nossas mãos nos davam leves sensações de choques de vez em quando, mas isto não impediu o bom desempenho da equipe. "É como se o céu chorasse", alguém disse - não me lembro quem.
Na segunda ocasião, atendendo a um convite dos organizadores da festa, participei como cantor. Foi em 2003. Ao final da missa, acompanhado pelo som de um teclado eletrônico (infelizmente não me lembro do nome do instrumentista), cantei "Creio em Ti" (versão da canção americana "I Believe"), a "Ave Maria" de Guinaud e a "Ave Maria" Shwbert. Minha emoção veio quando me vi sendo carinhosamente aplaudido pelas pessoas que assistiram à missa - soube no dia seguinte, pelos jornais, que eram pouco mais de 50 mim pessoas.
Mas a emoção não parou por aí: Após o tradicional transporte da imagem da Santa para o interior do convento por uma equipe do Corpo de Bombeiros, dando-se finalmente todos os eventos como oficialmente encerrados, desci a ladeira juntamente com as outras pessoas. Foi aí que uma senhora, chorando emocionada, aproximou-se de mim, abraçou-me e me disse: "Obrigada pela emoção que me causou". E me beijou o rosto.
Naquelas duas ocasiões, a missa principal ainda foi celebrada por D. Silvestre Scandian, no alto do morro da Penha, próximo ao convento. Desde alguns anos, devido ao sempre crescente número de participantes, a celebração acontece no Parque da Prainha, na sede do município. Mas aquelas duas cerimônias se tornaram, para mim, inesquecíveis.
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