- PROGRAMA "DIÁLOGO ABERTO" -
Entrevistas sobre temas sempre importantes.
De segunda a sexta-feira, das 11 às 12 hs.
Produção: Terezinha Jovita
Apresentação: Regina Trindade
Ouça aqui: http://www.rtv.es.gov.br/web/player_radio.htm

quinta-feira, 3 de março de 2011

A Origem do Carnaval e a História do Carnaval no Brasil

Tudo começou na Europa há 10 mil anos,
quando camponeses europeus 
comemoravam a colheita. 

Há cerca de 10 mil anos, camponeses do norte da Europa realizavam festas para agradecer aos seus deuses pela fartura na colheita.  Para homenagear a natureza, que lhes fora tão generosa, usavam máscaras, pintavam os corpos e dançavam imitando animais. Esse espírito de alegria atravessou muitos milênios, penetrando em vários territórios e influenciando mudanças em outras culturas.
Na Idade Média, essas festas "pagãs"(*) já dominavam toda a Europa, mas a Igreja Católica - como não podia deixar de ocorrer - decidiu impor limites que modificaram seus objetivos. Das festas originais, restaram apenas as máscaras. Houve então a introdução dos bailes de máscaras, que já eram uma tradição carnavalesca do século XIII, mas se restringiam apenas à elite social. A grande massa da população - o "povão", como diríamos - fazia suas festas sem sofisticação nas ruas, com "comes e bebes" e danças improvisadas. Mas as máscaras se popularizaram durante o Renascimento, e as fantasias eram feitas com o material que fosse possível, imitando o que o "folião" quisesse. Também foram introduzidas "batalhas" com bolotas de gesso ou de água.
Já no século XIX, o carnaval tomava conta de toda a Europa. Era realizado até mesmo em Londres, considerada a cidade mais puritana da época. No início do século XX, chegou à França. A princípio, começava no Natal (25 de dezembro) e terminava no Dia de Reis. Depois, a Igreja Católica determinou a mudança da data do início do carnaval para sete domingos antes da Páscoa.

O carnaval chega ao Brasil como desobediência à Igreja

Foi por essa época que o carnaval chegou ao Brasil, mas sem obedecer à determinação da Igreja. Em vez de ser realizado sete domingos antes da Páscoa, ocorria como uma festa para comemorar determinados eventos, como a chegada de uma autoridade importante, por exemplo. Os festejos carnavalescos barulhentos - e já naquela época muitas vezes violentos - vieram de Portugal para a então colônia portuguesa, destacando-se entre eles o "entrudo" - uma "batalha" de ovos crus, cartuchos de pó, panelas cheias de líquidos. Às vezes grãos de tremoço, milho, feijão ou de areia eram soprados através de tubos.
O entrudo foi proibido no Brasil em 1604, mas voltou a surgir nas ruas mais tarde. Foi proibido novamente, várias vezes, mas sempre ressurgia, até começar a "desaparecer" no início do século XX. Não foi exatamente um "desaparecimento", mas uma transformação gradativa. Os grãos de milho, areia, etc., foram substituídos pelo limão de cheiro. Em 1906, o limão de cheiro foi substitído pelo lança perfume, que em 1927 teve o recipiente de vidro, considerado perigoso, substituído pelo demtal. 
Por essa época vieram da Espanha as "batalhas" de serpentinas e confetes. Com o tempo, outras brincadeiras foram criadas enquanto outras desapareciam devido à própria evolução do carnaval e à criatividade dos foliões. 
A origem das fantasias no Brasil
Ninguém sabe exatamente como teve início a tradição das fantasias no carnaval brasileiro. Conta-se a história de que tudo começou no Rio de Janeiro. Dois rapazes brincavam numa rua. Um deles usava roupas de fazendeiro. O outro fingia ser um escravo, com correntes e tudo. O "escravo" fingia chorar e protestar contra a "violência" praticada pelo "dono", que fingia açoita-lo. Isto aconteceu pouco antes da abolição da escravatura, em 1888, quando o carnaval já era usado para se fazer críticas de cunho político.
A idéia de se fantasiar no carnaval logo tomou conta da elite social. Surgiam nos bailes os "Pierrôs", as "Colombinas", os "Arlequins", "piratas", "príncipes", "soldados romanos", etc. Entretanto, a I Guerra Mundial levou o mundo a uma crise financeira muito profunda, e a partir daí as fantasias foram se tornando mais simples, menos sofisticadas. Porém, ao mesmo tempo ganharam mais originalidade, representando temas regionais ou críticas bem humoradas aos fatos que ocorriam no país. Também por essa ocasião um novo elemento fez sua estréia nas festividades carnavalescas: o automóvel.

O "corso"

No domingo de carnaval de 1907, pot volta das  17 horas, o automóvel presidencial atraiu as atenções ao passar pela avenida Central, no Rio de Janeiro, então capital federal. No veículo estavam as filhas do presidente Afonso Pena. Após percorrer toda a avenida, o carro retornou e parou em frente a um prédio em cujo balcão estavam outras pessoas da família do presidente, assistindo às brincadeiras do povo nas ruas. Em seguida, outros carros surgiram, percorrendo a avenida nos dois sentidos, e alguns foliões lançavam coisas para dentro dos veículos. Não, não eram pedras ou algo parecido! Lançavam confetes, serpentinas, lança perfume e até flores. Assim surgiu uma nova brincadeira carnavalesca: o "corso".
O corso permaneceu como uma tradição carnavalesca em muitas cidades brasileiras durante vários anos. Essa tradição teve fim em meados dos anos 1960. Durante o "desfile" as famílias mantinham os porta-malas dos carros abertos e transportavam as crianças sentadas neles. Obviamente isto colocava a segurança das crianças em risco. Os governos federal e estaduais faziam campanhas para que isto fosse evitado, mas nem todas as famílias seguiam os conselhos. Como resultado, veio a proibição. 

O "Zé Pereira" e as primeiras músicas para carnaval

Anteriormente não existiam músicas específicas para carnaval. Porém, num carnaval no Rio de Janeiro - não se sabe em que ano - um português radicado no Brasil, José Nogueira de Azevedo Paredes, saiu à rua bantendo num tambor. Logo outras pessoas fizeram o mesmo. Alguém teve então a idéia de organizar a primeira bateria carnavalesca. Alguém também achou que essa bateria precisava de um nome. Como muitas pessoas chamavam José Nogueira de "José Pereira", surgiu o nome "Zé Pereira". As músicas podiam ser de qualquer gênero: cantigas de roda, lundus e até mesmo valsas. Depois vieram os maxixes e xotes, mas nos salões. Nas ruas, o que predominava mesmo era o batuque. Dos tempos da escravidão, veio a "umbigada", dança que os próprios escravos chamavam de "semba", palavra que, com o tempo, se transformou em "samba".
Em seguida vieram as "marchinhas". A primeira a ser composta exclusivamente para o carnaval foi "Abtre Alas", muito conhecida até hoje. Sua autora, Chiquinha Gonzaga, a compôs em atendimento a um pedido feito pelo "cordão" Rosa de Ouro. Em 1917, "Sinhõ" (Manoel Pedro dos Santos) compôs e gravou o samba "Pelo Telefone", também especialmente para o carnaval(**). Isto trouxe novos horizontes para a música popular brasileira. O gênero carnavalesco incluía, além do samba, o frevo, o maxixe e a marcha rancho. Além de Sinhô, destacaram-se a partir daquela época compositores como Donga, Pixinguinha, Lamartine Babo, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Ary Barroso (de quem Walt Disney se tornou fã) e Ismael Silva, co-fundador da primeira Escola de Samba do Rio de Janeiro (e do país).

A organização da batucada e a origem das escolas de samba

A partir de 1930, o samba se impôs sobre todos os ritmos que surgiram posteriormente, mas a batucada teve que se organizar. Foram introduzidos os sinais para marcar o compasso adequado através de sons de apitos, mas ainda faltava alguma coisa. Fantasia, por exemplo, cada um usava a que podia, sem um plano estabelecido, sem um enredo-base. Foi nessas condições que surgiu a primeira escola de Samba, a "Vai Como Pode", fundada por Ismael Silva e amigos. Mas aos poucos a escola foi se organizando, e essa organização serviu como referência para as que surgiram posteriormente. Alguns anos depois, a Vai Como Pode recebeu o nome que tem ainda hoje: Unidos da Portela. São dessa época as escolas de samba mais tradicionais do Rio de Janeiro, e que ainda hoje fazem parte do chamado "primeiro grupo": além da própria Unidos da Portela, a Estação Primeira de Mangueira, a Império Serrano e a Acadêmicos do Salgueiro. Durante décadas, outras surgiram no Rio de Janeiro e em outros Estados. Ainda hoje as que se destacam de fato são as do Rio de Janeiro, cujo desfile atrai turistas que vêm de diversas partes do mundo - entre eles, artistas famosos e personalidades políticas dos Estados Unidos e da Europa. Merecem ser mencionadas com destaque também as de São Paulo, como a Vai-Vai, a Gaviões da Fiel e outras.

No litoral e no interior

Enquanto os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo são assistidos através da televisão em todo o país, para o povo que prefere se divertir nas ruas as opções são as festividades carnavalescas que atualmente ocorrem principalmente em balneários e em praças de capitais e outras cidades do litoral e do interior. Nesses locais, como carnavais mais animados do país na opinião da maioria dos foliões, destacam-se os dos estados do Nordeste, especialmente os de Salvador (Bahia) e de Olinda e Recife (Pernambuco). Além diestes, há rm muitas cidades, em diferentes ocasioes do ano, os chamados "carnavais fora de época" ou "micaretas", animados por trios elétricos e com predomínio de ritmos de origem baiana.
(*) Do pondo de vista de um cristão, "pagão" é tudo que não é cristão. Do ponto de vista de um seguidor de qualquer religião, "pagão" é tudo que não estiver de acordo com seus princípos religiosos, incluindo atividades cristãs.
(**)"Pelo Telefone" entrou para a história como a primeira música gravada em disco no Brasil. Atualmente existem estudiosos da história da música popular brasileira que discordam dessa informação. Segundo eles, não se sabe exatamente qual foi a primeira.

  Referências:
  • Enciclopédia Conhecer - Vol. II - Editora Abril - São Paulo, SP
  • Quem é Quem na História do Brasil - Editora Abril - São Paulo, SP

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