- PROGRAMA "DIÁLOGO ABERTO" -
Entrevistas sobre temas sempre importantes.
De segunda a sexta-feira, das 11 às 12 hs.
Produção: Terezinha Jovita
Apresentação: Regina Trindade
Ouça aqui: http://www.rtv.es.gov.br/web/player_radio.htm

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Do "Planeta dos Macacos" dos anos 1960 ao cavalo que "dança" em 2011

Humanos em todo o mundo
leram o livro,
assistiram aos filmes.
Porém,
mais de 40 anos depois,
a grande maioria
ainda demonstra
que 
não aprendeu a lição.










Quando alguém fala em "O Planeta dos Macacos", logo lembramos do filme norte americano "The Planet of The Apes", com Charlton Heston no papel principal e a excelente interpretação de Rody MacDowell como "Cornelius", o chimpanzé cientista. No entanto, o filme foi baseado no livro "Le Planète Des Singes", do escritor francês Pierre Boulle, publicado em 1963. O filme foi um recordista mundial de bilheteria na época, o que levou à produção de mais quatro, que também foram bem sucedidos em termos de crítica e de público. Não tanto quanto o primeiro, mas foram. 
A história é uma crítica à nossa sociedade, ainda válida para os dias atuais - infelizmente - por meio de uma distopia. A distopia é qualquer pensamento filosófico revelado através de uma ficção, mas em oposição à utopia, que é a ideia de uma civilização ideal, mas que não existe.
Os textos originais do livro constituem um manuscrito que atualmente faz parte do acervo da Biblioteca Nacional da França, em Paris. O manuscrito foi cedido à biblioteca pela sobrinha de Pierre Boulle, Françoise, Loriot, em 2007. A história começa quando os personagens Phillis e Jinn, num cruzeiro numa espaçonave, encontram uma misteriosa garrafa à deriva no espaço. Dentro dela, havia uma mensagem: um diário de bordo do astronauta Ulysse Mèrou, o personagem principal.

A história

Na mensagem, Mèrou conta sua história, dizendo que esperava que a mesma fosse encontrada por alguém. Nela, o astronauta demonstra acreditar que era o último ser humano existente no Universo quando a escreveu. Ou seja: a garrafa teria vindo não de um planeta distante, mas de um futuro distante. 
A história se popularizou em todo o mundo através da série de filmes, desde o primeiro, de 1968. Viajando numa espaçonave capaz de atingir uma velocidade bem próxima à da luz (350.000 km por hora), Ullysse Mèrou e seus amigos pretendiam chegar a um planeta distante num curto período, mas a nave ultrapassou a barreira do tempo e pousou na própria Terra, numa época equivalente a 350 anos contados a partir de 1963 (quando o livro foi lançado). Eles então se depararam com uma realidade fantástica e assustadora: os macacos haviam se tornado seres racionais e estavam dominando o nosso mundo. Gorilas, orangotangos e chimpanzés haviam se tornado governantes, legisladores e cientistas, enquanto os humanos viviam e eram tratados como os animais de hoje vivem e são tratados pelos humanos. 
Nos filmes, humanos mantidos em locais públicos para serem observados por cidadãos macacos, da mesma foma como humanos hoje mantêm macacos e outros animais em jardins zoológicos. Humanos amestrados e usados por macacos  como atrações em circos, praças públicas e festas, tal como fazem hoje os humanos com os macacos e outros animais.  Claro: uma ideia nada agradável, mesmo sendo apenas ficção. O resultado em todo o mundo foi o já esperado pelos produtores do filme: muitos debates, muita polêmica, e evidentemente não faltaram autoridades, especialmente as de igrejas, veementemente exigindo a proibição da exibição dos filmes.
O tiro, porém, saiu pela culatra. Quem ainda não tinha assistido aos filmes foi assisti-lo para ver o que eles tinham de tão extraordinário. Resultado: mais sucesso de bilheteria, e a história então foi para a televisão através de duas séries sob o título "Return to The Planet of The Apes" ("Retorno ao Planeta dos Macacos"), uma delas em desenho animado. No Brasil, ambas foram exibidas pela Rede Globo. As duas séries atingiram altos níveis de audiência em todo o mundo novamente. Veio, então, a publicação em revistas em quadrinhos, que teve também altos níveis de vendas.

Os motivos para tanta polêmica

Por que os filmes geraram muito mais discussões do que o livro?
As razões, a meu ver, são bem evidentes. O livro contava a história, mas os filmes, com atores usando maquiagens muito bem feitas e interpretando macacos de forma bem convincente, além de cenários espetaculares, pareciam bem mais reais. Apenas pareciam, mas as cenas provocavam nas platéias um misto de encantamento e choque: "Imagine, eu ou um descendente meu sendo tratado daquela forma por macacos!". Ao mesmo tempo, outros pensavam: "Puxa, como tratamos mal os animais e ainda dizemos e pensamos que lhes damos carinho!"
No entanto é assim que a maioria dos humanos ainda com relação a macacos e outros animais. Há poucos dias, vi num site um vídeo que mostrava um cavalo "dançando" num palco, junto com uma bailarina. Vez por outra, durante sua apresentação, a bailarina dá ao cavalo algo para comer: é o seu prêmio por ele estar "dançando" ao som de uma música belíssima. Para receber migalhas ou pequenos pedaços de algo comestível, o animal faz coisas que não são próprias de sua natureza. Ao fim do "espetáculo", a platéia aplaude entusiasticamente. Entre os comentários ao vídeo, a maioria das pessoas dizia que aquilo era "lindo", "maravilhoso", "vislumbrante", "emocionante". Deduzo que, de 1968 para cá, muita gente leu o livro de Boulle, o filme "O planeta dos Macacos" continua nas mentes das pessoas, mas a grande maioria das pessoas parece não ter aprendido a lição. O filme ganhou nova versão em 2001, e agora surge "O Planeta dos Macacos 2011 - A Origem". Será que desta vez aprendem?
Porém, há uma outra questão: ainda não vi o novo filme, e não posso julgar o que não vi, mas se houver cenas com macacos treinados, isto significará que nem mesmo quem quer nos dar a lição desta vez parece tê-la aprendido.

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