- PROGRAMA "DIÁLOGO ABERTO" -
Entrevistas sobre temas sempre importantes.
De segunda a sexta-feira, das 11 às 12 hs.
Produção: Terezinha Jovita
Apresentação: Regina Trindade
Ouça aqui: http://www.rtv.es.gov.br/web/player_radio.htm

domingo, 19 de janeiro de 2014

Geração Consumo


Ilustração de Rédi.

O que existe atualmente no Brasil
não é uma "nova classe média",
é uma classe média 
com pais se aprofundando em dívidas
para realizar os sonhos de consumo dos filhos.


Há poucas décadas, perguntava-se a um menino ou uma menina o que ele ou ela queria ser quando crescesse, e a resposta era quase sempre "médico", "professora", etc. Hoje, parece-me que entre muitos adolescentes a profissão já não importa tanto. Muitos querem simplesmente ser ricos ou famosos e, se possível, as duas coisas. Por isto muitos querem ser cantores sem ter muito talento para isto. Talvez esta seja a razão pela qual são compostas hoje em dia tantas "músicas" que qualquer pessoa possa cantar, bem ou mal. O importante, para eles, é a fama e a fortuna, mesmo que por um breve período.
O avanço tecnológico da mídia nos permite obter mais informações com maior rapidez, mas, como tudo tem seu lado bom e seu lado ruim, também faz com que as crianças passem a ter outros sonhos. A maioria delas tem senhos muito mais caros do que os que nós costumávamos ter e seus pais podem pagar. Inconformados com isto, muitos desses adolescentes se tornam assaltantes. Os tênis muito bonitos, os celulares mais avançados, etc., passam a ser vistos por eles não apenas como sonhos, mas algo que, mesmo pertencendo a outros, tem que ser deles mesmo que isto lhes custe a vida. Quem ainda não viu nas ruas vários meninos e meninas com pouco mais de 10 anos de idade com aqueles pequenos fones nos ouvidos, conversando com amigos e amigas via celular ou tirando fotos com eles de quase tudo que vê? As crianças mais pobres veem cada vez mais dessas crianças com esses "brinquedos" e, com certeza, se sentem cada vez mais inconformadas: "Por que eles podem e eu não posso?"Ainda há quem diga que, no Brasil, "a classe média" mudou. Os significados desse "mudou" podem ser muitos, mas não necessariamente que tenha surgido uma "nova classe média". Mudaram os sonhos, vieram as novas "necessidades" de consumo, mas não mudaram tanto assim as classes sociais. O pior é que, à medida em que a idade avança, os sonhos das crianças se avolumam em dígitos, e os pais e mães, impotentes para dizer "não" às exigências dos filhos e filhas incentivados pelos amigos e pela mídia, se aprofundam em dívidas. Sim, esse mesmo pai que, quando tinha a idade de seu filho, tudo que ele mais queria era apenas ganhar uma bicicleta. E essa mesma mãe que, quando tinha a idade da filha, só queria a boneca mais bonita, ou o que falava "mamãe" ou dava "risadas" quando alguém a sacudia.
Claro que temos que levar em consideração que naquela época não havia Ipods, Iphones, notebooks, e os "tablets" mais conhecidos eram os de chicletes. O
 fato mais importante, porém, é que hoje são muitos os pais que se aprofundam em dívidas abusando de créditos, cheques especiais, etc., para que seus filhos tenham seus sonhos realizados. Para que essas crianças e esses adolescentes sejam pelo menos momentaneamente "felizes" - sim, momentaneamente, porque assim que eles ganharem o tão sonhado aparelho, já terão surgido outros mais sofisticados, e um novo sonho de consumo surgirá, fazendo tudo começar outra vez.
Chego então à conclusão de que a culpa não é somente da mídia. Esta tem sua parcela de responsabilidade sobre isto, sim, mas muitos pais e mães lamentavelmente estão confundindo amor e carinho com os valores dos presentes, e não percebem que, desta forma, as crianças também vão fazendo essa mesma substituição, porque aprendem o que os pais e as mães, mesmo sem perceber, estão lhes ensinando. 

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